É só uma “brusinha”!
Disse a influenciadora que tem um closet com mil blusinhas e tudo mais…mas quanto mais ela compra da Shein, mais pessoas clicam no seu link de afiliada e mais ela fatura.
Na verdade, o valor que ela compra é ridiculamente pequeno em vista do que ela ganha com a divulgação.
Antes que você pense que este post é uma caça às bruxas ou as influenciadoras, não é!
Quero te mostrar aqui, quais os reflexos desta “nova” forma de consumo e quais os reflexos na sua vida.
E escolhi a Shein porque ela surgiu da internet, nessa nova era de relações comerciais que o mundo entrou (pense nela como exemplo, dentre tantas outras que operam igual ou parecido).
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História rápida da Shein
Criada em 2008, começou vendendo vestidos de noiva, depois era apenas uma plataforma tipo Shoppe onde vários fornecedores divulgavam seus produtos.
Em 2014 adquiriu uma varejista chinesa chamada Romwe, e foi a partir daí que a Shein se tornou a gigante que é hoje.
Quando o Tik Tok era mato, a Shein investiu (e continua investindo) pesado em divulgação através dos influenciadores jovens que falam para um público adoslescente.
Essa fase em que somos influenciados por tudo e mais um pouco, agora com a era das redes sociais a coisa ficou pior ainda.
Por que tantas pessoas divulgam suas comprinhas na Shein?
Porque elas ganham dinheiro com isso, simples assim!
Quanto maior o número de seguidores, mais ganham.
E essa também é uma estratégia de vendas da empresa, usar os grandes, médios e pequenos influenciadores para fazer propaganda.
Eles consomem um pequeno valor e ganham várias vezes mais com a comissão.
Funciona assim:
A influencer X compra uma “brusinha”, vai nos stories, reels, Tik Tok, Youtube e mostra sua comprinha, e no final ela deixa o código para você ver no site ou app da Shein.
Cada vez que um seguidor clica e compra ela ganha um percentual.
E não estou aqui crucificando ninguém, estou mostrando como o negócio funciona.
Como a Shein atua em comparação aos varejistas de roupas já conhecidos.
A Shein ganha bilhões,na diversidade e na quantidade de produtos que produz e oferece, sem contar que ela está 195 países do mundo, ou seja, quase todos.
Segundo Benedict Evans a Shein insere de 5 a 10 mil produtos por dia para vender.
Enquanto uma das gigantes do setor como a Zara insere de 20 a 25 produtos por ano.
Lembrando que a Zara é uma rede lojas físicas, enquanto a Shein é totalmente online (começou a pouco tempo a criar em poucos lugares lojas físicas).
Sem contar que a Shein é um e-commerce de moda rápida, ou seja, a roupa é feita praticamente para ser descartável.
E é aí que a coisa pega.
E não estou aqui dizendo que ela é única a fazer isso não, muito pelo contrário as grandes varejistas de roupa já faziam isso, mas para concorrer com a Shein a coisa ficou ainda pior.
Como esse tipo de negócio influencia na sua e na minha vida!
Como eu disse acima, a Shein trabalha com velocidade, ou seja, a coleção de hoje já não serve para amanhã.
As roupas não são feitas para durar vários anos, são feitas para durar quem sabe meses.
O foco é na quantidade e não na qualidade.
Por isso que todos os dias você vê um anúncio da Shein, na sua rede social.
A empresa investe muito…muito mesmo em anúncios, porque os usuários precisam ver e sentir a necessidade de comprar.
Porque a calça que você comprou ontem, já está defasada daqui a 10 dias.
E a influencer que você segue, já apareceu com um modelo novo.
Ai meu Deus, que desespero!
Essa é a ideia…deixar a gente sempre necessitando de algo…imagine se você é adolescente então, é o curto circuito total da mente e do bolso dos pais.
Além disso, tem algo muito mais profundo ainda…
A mão de obra precisa ser barata, afinal a roupa também tem que ter um preço barato.
Essa mão de obra é precária, pobre, trabalhando para comer.
Sem contar no descarte…sim o descarte!
Para onde vão essas infinitas peças (lixo têxtil) que saem de moda, na velocidade da luz.
Pois é…em aterros espalhados pelo mundo em lugares bem específicos, que não são na Europa e nem na América do Norte, claro!
Deixa o lixo para os países subdesenvolvidos e eles se viram.
Tudo isso está nos levando para colapso!
Colapso mental, financeiro e social.
Mental porque somos bombardeadas o tempo todo, com propagandas que às vezes nem sabemos que são propagandas.
Financeiro porque o consumo é incentivado, afinal é barato e a gente pode comprar várias e logo, compra mais e mais.
Social porque reclamamos que no Brasil ainda tem trabalho escravo, não se engane…um produto só pode ser muito barato, porque a mão de obra dele é mais ainda.
E ainda temos uma questão que pouco se divulga, mas o impacto é para vida de todos.
O lixo têxtil que são os resíduos de panos, roupas que não vendem e ficam em estoque…sem falar no excesso de cada um de nós.
Todas estas questões precisam ser revistas, por cada um de nós.
Não tenho bola de cristal e nem fórmula mágica, mas creio que a mudança não vai começar lá na China, ela tem que começar aqui comigo e aí com você.
Este post é para te fazer refletir e pensar que numa compra de apenas uma “brusinha” muita coisa está envolvida.
Envie este post para aquela amiga louca das “brusinhas”, quem sabe ela não dá uma freada no consumismo.
Ariane Novaes